Hoje falo-lhe sobre o vinho regional ou vinho IGP (Indicação Geográfica Protegida). Estas designações no rótulo de um vinho indicam mais do que apenas a região onde esse vinho foi produzido.
Garantem a origem daquele vinho.
As menções vinho regional ou vinho IGP estão relacionadas com a regulamentação de controlo destes vinhos que ficam “acima” do que antigamente chamávamos de vinho de mesa – hoje apenas designado vinho – e “abaixo” do vinho DOC ou DOP.
Hoje, esta designação é de tal maneira forte que algumas denominações como o vinho regional de Lisboa, o vinho regional alentejano e o vinho regional do Tejo representam vendas superiores às próprias DOC (Denominação de Origem Controlada).
O que é o vinho regional?
É uma forma menos restritiva de podermos produzir um vinho com denominação de origem.
Por exemplo, num IGP podemos ter produções por hectare maiores e podemos utilizar uma maior quantidade de castas que nos vinhos DOC não são permitidas.
Num vinho regional podemos até misturar vinho de outra região, mas apenas até uma quantidade de 15%, de forma a que não percam o seu carácter regional.
Estes vinhos – assim como os vinhos DOC – são também certificados e controlados pelas CVRs, comissões vitivinícolas regionais, IVDP no Douro e IVBAM na ilha da Madeira, ou que dá a garantia de que o vinho cumpre com os parâmetros qualitativos que exprimem a região.
Características do vinho regional
As características destes vinhos têm de ser marcadamente as de cada uma das regiões onde são produzidos. Como é que isso se consegue? Dou um exemplo:
“Uma casta francesa, a sauvignon blanc, pela sua força comercial, está cada vez mais espalhada por Portugal.
Esta casta pode ser usada para produzir vinho regional alentejano, ou vinho regional de Lisboa, ou vinho regional do Tejo, ou vinho regional do Minho ou até mesmo vinho regional terras durienses.
A minha pergunta para si é: quais serão as características desta casta em cada uma destas regiões, serão iguais? Claro que não!
Embora esta casta seja muito marcante e distinta, o carácter da região vai determinar as suas características, sem que a casta deixe de estar presente.
Mas em qualquer grande superfície, como El Corte Inglés, encontra vinho regional, quer online, quer fisicamente, nas prateleiras.
“Para mim, como enólogo, esta denominação é a forma de poder produzir castas estrangeiras, dentro de Portugal e com a expressão do terroir onde são cultivadas.
Claro que quero que as nossas castas sejam as rainhas dos nossos vinhos, mas a minha profissão “obriga-me” a fazer experiências.
Neste caso, a experimentar o que se faz de bom lá fora e, claro, experimentar o resultado cá dentro!
Hélder Cunha
A minha vida é o vinho Alguma questão ou sugestão de tema? Por favor, escreva para: blogdoenologo@cascawines.pt